Cerimônia que marcou o fim do primeiro ciclo do programa promovido pela ApexBrasil e pelo MDIC reuniu entidades parceiras e promoveu rodadas de conversa entre 20 mentoras e 20 mentoradas pelo Elas Exportam
A primeira edição do programa Elas Exportam foi oficialmente encerrada na última quarta-feira (29), em Brasília, trazendo uma série de boas notícias para as mulheres que desejam começar a exportar. O programa é fruto de uma parceria entre a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), e tem como objetivo apoiar a inserção de empresas brasileiras lideradas por mulheres no comércio exterior.
Além da troca de experiências com quem já atua no comércio exterior por meio de mentorias, as empreendedoras que participam do programa recebem atendimentos individuais e coletivos e têm acesso a seminários, oficinas e atividades que pretendem ajudar no desenvolvimento de competências e habilidades técnicas e socioemocionais.
De acordo com o estudo “Mulheres no Comércio Exterior, Uma Análise para o Brasil”, lançado pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do MDIC, apenas 14% das empresas brasileiras exportadoras possuem preponderância feminina em seus quadros societários. Além disso, uma pesquisa recente da ApexBrasil mostrou que menos de 10% das empresas apoiadas pela Agência têm mulheres atuando em suas lideranças. Com o Elas Exportam, ambas as instituições pretendem transformar esse cenário e ampliar a presença feminina no comércio exterior.
Para o encerramento do programa, 20 mentoras e 20 mentoradas se reuniram para celebrar o sucesso desta primeira edição e compartilhar suas histórias: de um lado, mulheres experientes que já exportam e conquistaram seu lugar ao sol no mercado internacional; do outro, empreendedoras ansiosas pelos primeiros passos para chegar lá. Com essa imersão, a ideia é que cada vez mais mulheres possam se inspirar a trilhar o caminho da internacionalização.
Na cerimônia de abertura do evento, a gerente de Competitividade da ApexBrasil, Clarissa Furtado, lembrou que o Elas Exportam faz parte de um programa ainda maior lançado no começo deste ano pela ApexBrasil: o Mulheres e Negócios Internacionais, um marco no compromisso da Agência com a equidade de gênero interna e externamente. “De lá pra cá a gente já teve muito resultado. Já tivemos 2.700 empresas lideradas por mulheres se inscrevendo para participar de alguma ação do programa, que tem ações exclusivas para empresas lideradas por mulheres como esse projeto piloto do Elas Exportam”, explicou. “Todo mundo ganha com a diversidade, não são só as mulheres. A diversidade favorece a inovação”, defendeu Clarissa.
A deputada federal Lídice da Mata (PSB-BA), convidada para participar da cerimônia, falou de sua trajetória política e reforçou a importância da cumplicidade e ajuda mútua entre as mulheres para que as brasileiras possam, cada vez mais, alcançar a independência econômica. “Nós somos 54% da população brasileira e somos muito pouco representadas em todas as esferas”, afirmou, destacando o longo caminho que ainda deve ser percorrido.
A primeira edição do Elas Exportam contou com parceiros como Banco do Brasil, CNI, SEBRAE, Rede Mulher Empreendedora (RME), e o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), que colaboraram fornecendo ações de capacitação e qualificação. Mulheres representantes dessas entidades também estiveram presentes na cerimônia de encerramento do Elas Exportam, reforçando a contribuição de cada entidade rumo à equidade de gênero no mercado internacional.
Histórias inspiradoras
A cerimônia de encerramento seguiu com a participação das mulheres que fizeram o programa acontecer: 20 mentoras e 20 mentoradas de setores diversos compartilharam um pouco de suas experiências a fim de inspirar outras mulheres a abrirem caminhos para a exportação no Brasil.
Karina Dalmás, gerente de Comércio Exterior na empresa Dana Indústrias, foi uma das mentoras. Empreendedora do setor automotivo, Karina conta como foi se lançar em um mercado ocupado majoritariamente por lideranças masculinas. “Ao longo de 16 anos de trajetória, já passei por vários desafios, participei de muitas feiras, eventos, onde muitas vezes eu era a única mulher – sempre temos que nos provar mais para sermos reconhecidas no mercado onde a maioria é masculina”, disse.
Em sua fala, Karina afirmou que coleciona inspirações femininas ao longo de sua carreira e que conhece muito bem a importância da troca de experiência entre mulheres para fortalecer a jornada rumo ao comércio exterior. Ela foi mentora da empresária Tatiana Stahl, que está à frente da empresa Juvesa Desenvolvimento de Equipamentos LTDA e que também já participou do Programa de Qualificação para Exportação da ApexBrasil, o PEIEX. “A Karina conseguiu me direcionar para além da teoria, com histórias e experiências que muito agregaram. A indústria é uma área extremamente machista, e ter alguém com background parecido é muito valioso. A gente aprende muito com as experiências umas das outras. Vale a pena!”, concluiu Tatiana.
Camila Ozório, da empresa Chamego Bom, exporta dadinhos de tapioca e bolinhos de feijoada. No programa, Camila atuou como mentora de Leandra Goes, que também começa a exportar no setor de congelados. Paraense, ela criou em 2020 o Amazon Tasty, que exporta polpa de frutas e produtos feitos do açaí. Ela conta que sempre quis contribuir para a evolução de seu país, em especial, a região Norte. “Eu não sabia o caminho, era obscuro, até que encontrei o PEIEX e fui muito bem orientada. Porém, na época, eu queria exportar polpa de açaí. Muitas vezes você tem uma visão limitada do desempenho do seu produto a nível mundial. Nós somos os maiores produtores de açaí do mundo, mas as empresas exportam apenas a polpa do açaí, que é a matéria-prima”, revela.
Foi quando Camila passou a desenvolver novos produtos de maior valor agregado: o sorbê de açaí com banana e o sorbê de açaí com guaraná, uma versão mais saudável do sorvete tradicional. “Com o PEIEX e com o Elas Exportam, pude ver, ainda, que existe um leque de novos produtos que eu posso desenvolver, como cosméticos, açaí em cápsulas, em pó, etc”, relevou.
Fundadora da empresa Carne de Jaca, de Palmas (TO), Maria Edivângela da Silva também foi uma das mentoradas e compartilhou sua história. “A gente transforma as jacas, que viravam resíduos, em alimento. Ela verde se transforma numa carne vegetal, que serve para alimentar as pessoas. Eu sei da potencialidade do alimento para suprir e para colaborar com os sistemas alimentares sustentáveis e saudáveis. Compramos jacas de pequenos produtores que conseguem aumentar suas rendas com a comercialização dos frutos. A gente então consegue oferecer para o mercado um produto vegano, vegetariano, que é muito versátil”, explica Maria, que também participou do PEIEX em 2022. Desde então, ela já esteve em diversas feiras com o apoio da ApexBrasil, como a plant-based, em Nova York. “Com o Elas Exportam, eu venho para me firmar no meu propósito de expandir a carne de jaca até o infinito”.
Em diálogo sobre as perspectivas para o programa em 2024, Rita Albuquerque, coordenadora de Qualificação da ApexBrasil, fez questão de frisar em seu discurso que: “internacionalizar é possível, mesmo com empresas de micro e pequeno porte. Quando a gente vê as empresas fazendo o dever de casa, se capacitando e se preparando, a gente vê que isso tem um impacto muito positivo”, concluiu.
A segunda edição do programa tem o edital programado para ser lançado no final de janeiro de 2024, e terá como foco os setores de cosméticos e vestuário.
Sobre a ApexBrasil
A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) tem como principal objetivo impulsionar as exportações de produtos e serviços do Brasil no mercado internacional, além de atrair investimentos estrangeiros para setores estratégicos da economia nacional. Para alcançar esses propósitos, a Agência executa diversas iniciativas de promoção comercial, como participação em eventos centrais, missões prospectivas e comerciais, rodadas de negócios, apoio à presença de empresas brasileiras em grandes feiras internacionais e visitas de compradores estrangeiros e formadores de opinião.
