Além da participação na feira Natural Products Expo East, a missão contempla mentorias, seminário técnico e visitas ao varejo para conhecer a fundo o mercado de produtos naturais/orgânicos/saudáveis dos Estados Unidos
Entre os dias 19 e 23 de setembro, dezesseis empresas brasileiras vindas principalmente da região amazônica, sendo nove delas lideradas por mulheres, terão a oportunidade de conhecer in loco o mercado estadunidense de alimentos e bebidas naturais, orgânicas e saudáveis, de modo a desenhar estratégias para a exportação de seus produtos. Liderada pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), a missão empresarial acontecerá no âmbito da Natural Products Expo East 2023, na Filadélfia, conhecida por ser a maior feira de produtos orgânicos e naturais da costa Leste dos Estados Unidos e uma das maiores do continente americano para aquele segmento.
A etapa presencial da missão compreenderá diferentes momentos de imersão no setor de orgânicos e naturais dos Estados Unidos. Nesta terça (19), o grupo participará de um seminário técnico com autoridades e especialistas, que discutirão temas como logística, estratégias de fornecimento e cultura de negócios nos EUA. Na quarta (20), a delegação brasileira visitará pontos de venda varejistas especializados naqueles produtos e, entre os dias 21 e 23, fará uma visita guiada pela feira Natural Products Expo East, onde parte dos participantes irá também expor seus produtos.
Como preparação para essas atividades in loco, as empresas participaram de sessões online de mentoria, em formato coletivo e individualizado, conduzidas por um consultor especializado no mercado norte-americano para produtos orgânicos e saudáveis. Sob o suporte da equipe da ApexBrasil no Brasil e nos EUA, foram mais de 20 horas dedicadas à formação, nas quais os participantes puderam aprender, entre outros, sobre aspectos legais e regulatórios, estratégias de venda e marketing e certificação FDA, obrigatória para quem queira exportar para os Estados Unidos. Mais duas sessões de follow-up estão previstas no pós-feira.
“Nosso país é imensamente agraciado por ter a floresta Amazônica e toda sua biodiversidade. Temos, cada vez mais, apostado na bioeconomia como eixo central do desenvolvimento sustentável, garantindo a preservação da floresta e a valorização de todas as pessoas que integram essas cadeias produtivas. Produtos compatíveis com a floresta são um bioativo brasileiro, fundamentais para alavancar o potencial exportador da região amazônica, portanto é preciso explorar a fundo os mercados onde essas produções sejam bem-vindas”, pontua o presidente da ApexBrasil, Jorge Viana.
Além das 16 empresas, a missão contará com autoridades e representantes institucionais de três estados brasileiros. Do Amapá, estará a Secretaria de Estado de Relações Internacionais e Comércio Exterior do Amapá. Pelo Pará, vai a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Mineração e Energia. Por fim, de Rondônia, participa a Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico.
Já o pavilhão brasileiro na Natural Products Expo East 2023, também liderado pela ApexBrasil, conta com a parceria institucional do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), que selecionaram para o espaço quatro cooperativas e empreendimentos da agricultura familiar: a COOPERCUC, a COPABASE, a COOPEMAPI e a UNICAFES.
Biodiversidade amazônica
O perfil das empresas que participam da missão aos Estados Unidos é variado, e seus produtos abraçam uma vasta gama de sabores amazônicos, com grande potencial de acessar o mercado americano de alimentos e bebidas naturais. As produções incluem farofas, chocolates, polpas de frutas congeladas, temperos, óleos e manteigas vegetais, cachaças, geleias e castanhas.
Algumas produtoras se destacam por terem mulheres à frente do negócio, como a paraense Sekiama, que oferece farinhas orgânicas e funcionais, ou por fomentarem outras cadeias produtivas, a exemplo da Amazonly, do Amapá - por meio do beneficiamento de manteigas e óleos vegetais de andiroba, pracaxi, açaí, tucumã, cupuaçu, por exemplo, a empresa fomenta as indústrias farmacêutica, de cosméticos e de alimentos no estado.
Erva amazônica conhecida pelo sabor forte e pela sensação dormente que produz na língua e lábios, o jambu é outro destaque entre as empresas que compõem a delegação. A planta é o substrato principal das produções da Jambu Sinimbu, por exemplo, que fabrica cachaças, conservas e o extrato Tremidão, um concentrado de jambu que pode ser utilizado em drinks e no próprio corpo.
Expositoras
Além da missão prospectiva, a ApexBrasil está apoiando a participação de algumas empresas na própria feira. Em estandes individuais da Natural Products Expo East 2023, estarão cinco produtoras brasileiras. Petruz, Frooty e Natuzon levarão cremes, sorvetes e polpas congeladas de açaí. A Horta da Terra irá expor produtos derivados de plantas alimentícias não convencionais (PANCs) da Amazônia, como ora-pro-nobis, jambu e açaí, que são liofilizadas e transformadas em pó. A Apisnutri, por sua vez, levará mel, própolis e derivados.
As outras quatro expositoras estarão no Estande Coletivo Amazônia, um espaço exclusivo para produtoras da região Norte brasileira e também apoiado pela ApexBrasil. O representante Regional Norte da ApexBrasil, Essio Lanfredi, conta que é recorrente a demanda, vinda de produtoras locais, por ações da Agência para empresas em estágio inicial de preparação para exportação.
“Muitas vezes, são exatamente essas empresas iniciantes que trazem produtos inovadores, que utilizam as riquezas da biodiversidade amazônica. Justamente por isso, elas têm grande potencial de alavancar não só as exportações regionais, como também mostrar para o mundo a inclusão social e a geração de renda para comunidades do interior da floresta que tais iniciativas têm proporcionado”, avalia Lanfredi.
Uma das produtoras do Estande Amazônia é a paraense Manioca: no mercado há quase 10 anos, a empresa vai expor farinhas, granolas, geleias e temperos feitos a partir de itens da floresta. Além de promover a culinária e os sabores amazônicos, a Manioca busca apoiar a agricultura familiar, o comércio justo e o desenvolvimento sustentável da região. Outra empresa do Pará que vai compor o espaço é a Frutto Tropical, que comercializa polpa congeladas de frutos amazônicos, especialmente do açaí e do cupuaçu.
Também integrando o Estande Amazônia estará a Warabu, do Amazonas, que oferece chocolates veganos. A iguaria é produzida por meio da tecnologia bean to bar (do grão à barra), a partir do cultivo do cacau nativo e selvagem, típico da região amazônica. O espaço contará, ainda, com a Cooperativa de Produção e Desenvolvimento do Povo Indígena Paiter Suruí (COPAITER), que vai expor castanhas do Brasil vindas diretamente do Território Indígena Sete de Setembro. O cultivo é feito em regime de agrofloresta, ao lado de outras produções, e beneficia diretamente mais de 100 famílias indígenas.
A Região Norte estará representada no Estande Amazônia não apenas pelas empresas produtoras, mas também na própria identidade visual do espaço, que terá motivos amazônicos. A produção das ilustrações ficou a cargo da Libra Branding, com sede em Belém (PA), sendo o estúdio o único da região Norte credenciado pelo programa Design Export, da ApexBrasil, para prestar serviços de branding a empresas brasileiras em busca de soluções inovadoras em design para exportação.
“Para nós é muita legitimidade, muita potência, poder expressar tudo que a gente trabalhou, ao longo de 17 anos, com marcas amazônicas. Levamos em consideração a cultura e as expressões conceituais, artísticas e estéticas que temos em nossa região”, detalha o diretor de Sentido e Novos Negócios da Libra Branding, Berna Magalhães. Para o empresário, é motivo de orgulho contribuir para o processo de internacionalização de marcas promovido pela ApexBrasil, especialmente quando a Amazônia é protagonista.
A missão prospectiva aos EUA e o Estande Coletivo Amazônia são parte dos esforços da ApexBrasil em fomentar e potencializar a cultura exportadora da região Norte do Brasil, no escopo do programa Exporta Mais Amazônia (PEAMA). Outra edição do Estande já havia sido realizada, com a participação de outras empresas, na feira Plant Based World Expo, que aconteceu em Nova York entre os dias 7 e 8 de setembro deste ano.
