Mulheres e Negócios Internacionais: empreendedoras alcançam o mundo com plataformas digitais

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Em e-commerce globais, marketplaces próprios ou nichados, empresárias brasileiras de diferentes segmentos contam com o apoio da ApexBrasil para expandir seus negócios no exterior

Atualmente, as mulheres brasileiras dominam as plataformas de comércio online do país: segundo a pesquisa “Elas no E-commerce”, realizada pela Nuvemshop, as empresárias são proprietárias de mais de 60% das pequenas e médias lojas digitais. O modelo de negócios mais flexível se adapta melhor às necessidades da rotina delas, que geralmente inclui afazeres domésticos e cuidados com a família. No entanto, o desafio é transformar esses empreendimentos digitais em vendas internacionais lucrativas.

De acordo com dados do estudo “Mulheres no Comércio Exterior, Uma Análise para o Brasil”, as lideranças femininas são sócias majoritárias de apenas 14% das empresas exportadoras no país. Com a expertise no e-commerce nacional, contudo, as empreendedoras podem ter mais facilidade do que imaginam para acessar mercados estrangeiros. A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), por exemplo, oferece diversos programas de aceleração de negócios digitais, nos quais várias CEOs e executivas de diferentes segmentos já lograram iniciar ou expandir suas vendas internacionais. 

Com a pandemia, os consumidores do mundo todo aceleraram a migração para as compras via e-commerce, proporcionando um crescimento exponencial do comércio online. Como as ferramentas digitais envolvem custos fixos mais baixos, essa expansão pode beneficiar especialmente as micro e pequenas empresas, nas quais as mulheres são maioria.  

Portanto, por meio do e-commerce transfronteiriço, mais empresárias podem passar a atuar internacionalmente e maximizar sua renda. Afinal, empresas envolvidas no comércio internacional tendem a pagar salários mais altos, e os setores de atuação com maior presença feminina são os de maior valor agregado, com países de maior poder aquisitivo como destino de exportação. Essa, inclusive, já é a realidade de muitas empresárias que participaram de projetos de aceleração digital da ApexBrasil (para saber mais sobre nossos programas de e-commerce, clique aqui).

Para a gerente de Competitividade, Clarissa Furtado, o e-commerce internacional é um caminho mais rápido para que empresas lideradas por mulheres comecem a exportar, especialmente se já tiverem experiência digital no mercado doméstico “Hoje existem diversos serviços integrados da cadeia de e-commerce que possibilitam a uma empresa iniciante vender para fora do país, e os canais digitais auxiliam a reduzir as barreiras ligadas a gênero na negociação com os fornecedores e clientes”.

Com o intuito de apoiar a participação de mais empresas lideradas por mulheres nos mercados internacionais, a ApexBrasil lançará no próximo dia 2 de junho, o programa Mulheres e Negócios Internacionais. O evento de lançamento ocorrerá em São Paulo, de 8h30 às 18h. A participação poderá ser presencial, de acordo com limite de vagas, ou online. Inscreva-se aqui

Precursora no e-commerce 

Valéria Cristina Natal, por exemplo, é diretora executiva da DISTILLERIE STOCK  e encara o desafio de fazer negócios no setor de bebidas alcoólicas destiladas, um universo altamente masculino. Há 12 anos, a administradora foi a responsável pela construção da área internacional da companhia. Mesmo sem expertise nem formação na área de comércio exterior, Valéria buscou capacitação, e com ajuda da ApexBrasil e do e-commerce, atualmente leva os produtos da marca para 10 países diferentes. 

As bebidas da Stock estão no Brasil desde 1935 e podem ser encontradas em mais de um milhão de pontos de vendas em todo país, incluindo os principais bares, restaurantes e mercados. Mas quando chegou a hora de apostar nos mercados estrangeiros, a empresa se deparou com uma realidade totalmente nova. “No início era muito difícil, com o dólar muito baixo na época, a gente ficava pouco competitivo. Era uma marca brasileira em meio a tantas marcas globais, e ainda tinha essa questão de ‘como começar?’”, relata Valéria.

Para a executiva, o ponto de partida para a expansão internacional foi buscar compreender melhor o mundo das exportações. “A primeira coisa que eu fiz foi me associar a uma entidade de classe, que tinha projeto setorial com a ApexBrasil na época, e lá o mundo se abriu, literalmente”, lembra ela. Através dos treinamentos, feiras e rodadas de negócios de que participou, Valéria foi identificando os mercados mais promissores para o seu negócio e realizando as adaptações necessárias nos produtos.

No Oriente Médio, por exemplo, para atingir a população muçulmana, que não costuma consumir álcool, a empresa investiu na linha de concentrados de frutas, que hoje já fazem sucesso em países como Arábia Saudita e Emirados Árabes. Para chegar nesse público, a estratégia foi combinar a abordagem presencial em eventos internacionais, com uma forte presença digital nas grandes plataformas globais de e-commerce. O primeiro cliente da Arábia Saudita veio de sua presença na plataforma de e-commerce internacional Alibaba. 

Há três anos, a Stock foi uma das primeiras empresas brasileiras a entrar no e-commerce por meio de plataformas chinesas e comemora bons resultados. “A grande vantagem dessas plataformas digitais é a visibilidade, porque se eu tivesse que fazer feiras ao redor do mundo, ficaria muito mais complicado”, pondera Valeria. “E é muito surpreendente. A gente já fez reuniões com países quase do mundo inteiro. Qual a chance de um cliente no Sri Lanka saber que eu existo, se não fosse via plataforma?”, complementa.

Agora, a empresa está em fase final de inserção na Amazon Estados Unidos, também com foco nos concentrados de frutas. “A gente acredita muito nessas plataformas. Por mim estaríamos em todas, mas às vezes falta musculatura, porque exige muita gestão. Você tem que responder muito prontamente todas as solicitações que vem. Não adianta entrar e depois não dar conta”, alerta.

Para fidelizar e expandir a presença da marca em mercados estratégicos, contudo, Valéria aposta no contato direto com o comprador, mesmo sendo minoria nesse contexto. “Os destilados não são um mundo muito feminino, onde você fala de gim, de whisky. Geralmente, quando participo de feiras, sou a única mulher na parte de bebidas”, conta. Mas o que inicialmente parecia uma desvantagem, tem se mostrado uma oportunidade de negócios. 

Nos mercados árabes, por destoar dos colegas homens, a executiva acaba chamando mais atenção. “Acho que lembram mais de mim, fica um reforço de marca até maior talvez”, avalia. “Me exige um pouco mais de desenvoltura, tem que ter uma forma mais cautelosa de chegar, mas acho que acaba abrindo portas”, acrescenta. Com perspectivas positivas no Oriente Médio, a empresa já está mirando outros países da região, como Bahrein, Kuwait e Catar. 

Depois de tantos anos de atuação e com importantes conquistas em mercados desafiadores, Valéria estimula mais mulheres a seguirem a trajetória da internacionalização. “O comércio exterior não é fácil para ninguém, homens ou mulheres. É um exercício de resiliência, de paciência, de perseverança. Mas começa e vai, porque quando você menos espera, fazendo o trabalho com seriedade, as oportunidades existem”, reforça.

Marketplace internacional

Na Mantiqueira de Minas, Daniele Alkmin se apaixonou pelos cafés especiais e, via plataformas digitais, tem transformado o negócio, que já está há cinco gerações em sua família. A administradora, que não imaginava um futuro no agronegócio, acabou voltando para a fazenda e não apenas passou a exportar diretamente a produção de café, mas também lançou uma plataforma para vender cafés de alta qualidade de outros produtores para mercados mundo afora. 

“Sou a filha mais velha, fui criada para fazer o que eu quisesse. Até que em 2015, depois de trabalhar há 10 anos em uma empresa de engenharia, meu pai a chamou para ir um dia por semana para a fazenda”, conta Daniele. Seu pai dizia que ela era a mais velha e alguém precisava entender dos negócios da família. “Toda quarta-feira a gente passava o dia juntos, e ele foi me explicando tudo de tudo”, relata. 

Foi nesse momento que ela descobriu que o pai produzia cafés “especiais”, grãos isentos de impurezas que proporcionam uma bebida limpa e doce, com corpo e acidez equilibrados. O desafio inicial era vender esses produtos de forma mais eficiente para compradores internacionais, já que ela falava inglês. Para cumprir essa tarefa, Daniele aprofundou o conhecimento sobre cafés. “Fiz curso de degustação, classificação, torra, barista. Comecei a entender o mundo dos especiais, fiquei alucinada”, conta.

A partir de 2017, Daniele passou a liderar a parte de “direct trade” dos grãos. “Eu comecei a fazer a prospecção de compradores internacionais sozinha, ainda trabalhando na empresa de engenharia. Começamos tudo bem devagarzinho, eu, sozinha torrava, preparava amostras, enviava as amostras, negociava, fazia contratos e recebia os pagamentos”, relata.

Em 2019, quando ela já auxiliava diversos produtores de cafés especiais a exportar, surgiu a ideia de montar um marketplace especializado em grãos de alta qualidade, conectando produtores a torradores. No mesmo ano, para se capacitar para o novo negócio, Daniele participou do Programa de Qualificação para Exportação (PEIEX), da ApexBrasil, com foco em mercados estrangeiros e maiores volumes de comercialização.

Atualmente, a plataforma Agrorigem apresenta diversas informações sobre os produtores e especificidade dos grãos. “Temos um selo de rastreabilidade, que fala da qualidade do café, a gente manda um gráfico com laudo sensorial, e fala também da qualidade e da origem”, complementa Daniele. Ela destaca a importância da ferramenta digital para fornecer todos esses detalhes, cada vez mais demandados pelos compradores, e para dar agilidade hora da recompra. 

Além de ser um exemplo de empreendedora bem-sucedida, Daniele também atua para dar espaço para as mulheres produtoras de café por meio do projeto “Agrorigem by women”. “Vemos mulheres atuando na cadeia do café desde muitos anos, mas de forma invisível. As fazendas eram herdadas pelos homens da família, e aí mesmo que tivesse uma filha mulher, o pai entregava a chave da fazenda para o marido. Estamos agora com mais liberdade para assumir”, relata. 

Para Daniele, hoje as mulheres estão mais presentes, unidas em diversos grupos de apoio e fazendo um ótimo trabalho nas fazendas. “Recentemente eu mandei muitas amostras para uma cliente no Reino Unido. Ela comprou um container grande, de 440 sacas, e dos sete produtores que estavam dentro do container, cinco eram mulheres. Mas não fui eu que escolhi, foi especificamente a qualidade do café que se sobressaiu”, garante a empresária. 

Plataformas nichadas 

Fernanda Stefani, CEO da 100% Amazônia, uma empresa sediada em Belém do Pará, que produz ingredientes amazônicos para indústrias de alimentos e cosméticos, também usa as plataformas digitais para dar visibilidade no exterior à empresa. Como a empreendedora já tinha formação e experiência na área de comércio internacional, a empresa foi lançada, em 2010, já com foco em exportação. 

A empresa nasceu com o objetivo de apresentar uma solução que contribuísse para a preservação da floresta. O negócio começou com a produção de biojoias, apenas com o investimento inicial do carro usado que as sócias venderam. Atualmente, a empresa fatura mais de 12 milhões de reais por ano. “Hoje trabalhamos com 28 espécies amazônicas para fabricação de mais de 60 produtos, um portfólio muito brasileiro”, comemora Fernanda. 

Com essas características específicas, a empresa utiliza diversos marketplaces nichados, com foco em compradores de ingredientes e em sustentabilidade. Com tickets maiores do que os grandes e-commerces globais, essas plataformas oferecem informações mais robustas sobre os fornecedores e dão mais segurança para o exportador, já que apenas compradores validados podem se cadastrar. A estratégia digital somada à participação em feiras estratégicas dos setores, a 100% Amazônia já enviou produtos para quase 70 países. 

A empresa é fora da curva, destaca Fernanda. Não apenas no alcance internacional, mas na composição societária, que é formada por duas mulheres. Embora na área de conservação e proteção ambiental já há uma presença expressiva de mulheres, quando se trata de indústria ligada à sustentabilidade, os homens ainda são a maioria. “Mesmo em um mercado que pode parecer feminino, como o de cosméticos, ainda é predominantemente masculino”, conclui.   

“Eu sempre vejo uma mulher aqui e outra ali, a gente acaba se conectando. O mercado ainda é extremamente dominado por homens, mas a diferença é que a gente agora se conecta”, comemora. Segundo a empresária, as mulheres têm um olhar mais carinhoso sobre o mundo. “Não é só negócios a qualquer custo. A mulher tem uma visão sobre negócios que não é única e exclusivamente aumento de lucro”, reflete. 

Tema: Promoção Comercial — Qualificação Empresarial — Inteligência — Atração de Investimentos Estrangeiros — Expansão Internacional
Mercado: Não se aplica — Outros
Setor de Exportação: Alimentos, Bebidas e Agronegócios — Saúde
Setor de Investimento: Não se aplica
Setor de serviços: Não se aplica

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